A microcefalia é uma anomalia no desenvolvimento do cérebro do bebê. Governo investigará a causa do surto
O Estado de Pernambuco está enfrentando um surto de bebês nascidos com microcefalia. Só neste ano, 141 recém-nascidos foram registrados com o problema, um número dez vezes maior do que a média, que é de no máximo 12 por ano. O surto fez com que o Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde de Pernambuco e a Organização Pan-americana de Saúde iniciassem uma investigação conjunta para entender o que está acontecendo no Estado.
A microcefalia é uma anomalia no desenvolvimento do cérebro do bebê. Eles nascem com crânio medindo menos do que 33 centímetros – medida considerada normal para uma criança que nasce com nove meses. A malformação pode ser causada por problemas genéticos. No entanto, isso não explicaria o alto número de casos identificados de uma hora para outra. Segundo o Jornal do Commercio, de Pernambuco, os exames inciais em alguns recém-nascidos descartaram a hipótese de que o problema fosse hereditário.
(Foto: SXC)
Infecções da gestante também podem causar malformação do crânio do bebê. Rubéola, toxoplasmose e outras doenças infecciosas também trazem riscos, assim como desnutrição da gestante. Um surto de alguma doença infecciosa na região, ainda não detectada, poderia estar causando o problema.
Outra hipótese analisada é se infecções causadas pelos vírus da dengue, chikungunya e zika durante a gestação poderiam estar por trás do surto. Algumas gestantes apresentaram sintomas comuns a doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, e o aumento dos casos coincide com um surto do víruso zika em Pernambuco. O Estado registrou mais de 110 mil casos de zika em 2015. Mais estudos são necessários para indicar correlação entre os casos.
Uma terceira possibilidade é de que o surto tenha sido causado porcontaminação. Em tese, alguns produtos químicos e o uso de álcool e drogas podem causar a malformação. O fato dos casos estarem concentrados em Pernambuco, sendo metade no Recife, podem indicar que as causas são ambientais. Porém, ainda não há indícios de contaminação na região.
Segundo o Estado de S. Paulo, o impacto da microcefalia para as famílias é muito forte. As crianças podem, em tese, ter uma vida normal, mas precisarão ser acompanhadas regularmente. Elas terão que fazer fisioterapia e podem desenvolver problemas cognitivos e até epilepsia.