Pesquisadores americanos descobriram que pode haver uma relação entre a proteína e a doença que afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo
Por Marina Demartini
Glúten free: quem é alérgico não pode consumir a proteína (Reprodução/Thinkstock)
São Paulo – Na esperança de emagrecer, muitos entram na moda da dieta glúten free e diminuem o consumo dessa proteína. Um estudo, no entanto, mostra que as pessoas não deveriam parar de comer glúten se não são alérgicas a ele. Isso porque a proteína pode proteger o corpo de uma doença que afeta mais de 300 milhões de indivíduos no mundo: a diabetes tipo 2.
Cientistas americanos da Universidade de Harvard descobriram que os participantes da pesquisa que consumiram mais glúten foram 13% menos propensos a desenvolver a condição em comparação com as pessoas que ingeriram menos da proteína.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores utilizaram informações obtidas por três estudos que, juntos, duraram 30 anos (1984-1990 e 2010-2013). Nessas pesquisas, os participantes precisaram responder a um questionário de frequência alimentar a cada dois e quatro anos.
Com essa base de dados, os cientistas estimaram a ingestão de glúten dos participantes e viram que a maioria dos voluntários comeu menos de 12 gramas por dia. Depois, eles analisaram quais pessoas desenvolveram diabetes tipo 2 durante o período do estudo. A doença é o tipo mais comum de diabetes e ocorre quando o corpo não é mais capaz de usar a insulina de maneira eficiente.
O que os cientistas descobriram é que cerca de 16 mil pessoas que participaram dos estudos desenvolveram diabetes tipo 2. Ao comparar o consumo de glúten aos riscos de desenvolver a doença, eles chegaram à conclusão que os voluntários que comeram mais glúten tinham 13% menos chances de desenvolver a condição do que os que não consumiram tanto a proteína (menos de quatro gramas diárias).
Além disso, os indivíduos que se alimentaram com menos glúten também tiveram uma menor ingestão de fibra de cereais.
Os pesquisadores ainda não sabem dizer por que os participantes que comeram mais glúten foram menos propensos a desenvolver a doença. A hipótese deles é que essas pessoas também comeram mais fibras, uma substância conhecida por proteger o corpo contra o diabetes tipo 2.
Mais de dois milhões de brasileiros são celíacos. Isso significa que essas pessoas não podem consumir glúten sem que seus sistemas imunológicos não reajam contra elas. O tratamento mais eficaz é a abstenção dessa proteína comumente encontrada em alimentos que contém trigo, aveia, centeio, cevada e malte.