Médico se curou do vírus em outubro, mas infecção voltou em dezembro.
Há relatos de problemas pós-ebola em vários sobreviventes da doença.
Do G1, em São Paulo
A imagem feita em dezembro de 2014 mostra o olho esquerdo do americano Ian Crozier (à direita) com a íris alterada da cor azul para a verde devido à infecção por ebola
(Foto: Emory Eye Center/The New York Times)
Um americano que havia se curado do ebola ficou surpreso ao descobrir que o vírus reapareceu em seu olho esquerdo e, inclusive, alterou a cor de sua íris, de azul para verde.
A imagem acima, divulgada pelo Hospital Universitário Emory, mostra o olho do médico Ian Crozier, 43 anos, totalmente alterado por causa do ebola.
Segundo reportagem do “The New York Times”, citando estudo publicado no periódico científico “The New England Journal of Medicine”, Crozier contraiu o ebola em setembro de 2014 e foi declarado curado em outubro, após diversos exames constatarem a ausência da doença.
Dois meses depois, ele teve uma inflamação no olho esquerdo, chamada de uveíte, onde foi relatada uma pressão intraocular elevada, que provocou inchaço e dificuldades para enxergar. A equipe que o atendeu sabia que o vírus havia invadido seu olho no auge da infecção, no entanto, não esperava encontrar resquícios da doença por ali.
O médico Ian Crozier trabalhou como voluntário em Serra Leoa, onde contraiu a doença (Foto: Kevin Liles/The New York Times)
Síndrome pós-ebola
O "NYT" afirma que além da inflamação no olho, outros problemas foram relatados no que a reportagem chamou de "síndrome pós-ebola". Ian teve ainda dores nas articulações, fadiga e perda auditiva profunda, sintomas similares que têm sido relatados por moradores da África Ocidental que foram diagnosticados e tratados após a infecção.
Houve ainda relatos de sobreviventes que ficaram cegos ou surdos, no entanto, não há comprovação de relação com o ebola.
Dez dias depois da inflamação, o olho do médico americano voltou ao normal graças a um tratamento experimental com uma droga, que não teve o nome divulgado. O uso do medicamento teve permissão especial da FDA, órgão que controla medicamentos nos EUA.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o balanço da epidemia da febre hemorrágica ebola na África Ocidental ultrapassou a marca de 11 mil mortes. No total, nos três países mais atingidos pela epidemia - Libéria, Guiné e Serra Leoa - 26.593 pessoas foram afetadas pelo vírus. De acordo com o relatório da OMS, 11.005 morreram em decorrência da febre.
O surto de ebola na África Ocidental, o mais grave desde a identificação do vírus na África Central em 1976, começou em dezembro de 2013 no sul da Guiné antes de chegar a Libéria e Serra Leoa. A OMS declarou tratar-se de uma "emergência de saúde pública global" apenas em agosto de 2014.