A imunidade ao novo coronavírus é duradoura entre os pacientes que já contraíram a doença, indica um recente estudo do Instituto de Imunologia La Jolla, localizado na Califórnia, nos Estados Unidos, e publicado pelo jornal New York Times.

Os novos dados mostram que oito meses após a infecção a maioria das pessoas recuperadas ainda tem células imunológicas suficientes para afastar o vírus e prevenir doenças. Uma lenta taxa de declínio no curto prazo sugere que essas células podem persistir no corpo por muito tempo ainda.

Publicado na revista Science, no dia 6 de janeiro, esse é o estudo mais abrangente e de longo alcance da memória imunológica do novo coronavírus até hoje.

“Essa quantidade de memória celular, provavelmente, impediria a grande maioria das pessoas de contrair doenças hospitalizadas, doenças graves, por muitos anos”, disse Shane Crotty, virologista do Instituto de Imunologia La Jolla que coliderou o novo estudo, em entrevista ao New York Times.

A pesquisa corrobora as descobertas de outro estudo recente, que mostra que sobreviventes da SARS, causada por outro tipo de coronavírus, ainda têm imunidade celular relevante 17 anos após a contaminação.


Anticorpos
De acordo com os pesquisadores, é comum que os níveis de anticorpos caiam após certo tempo de infecção. Contudo, é importante lembrar que eles são apenas uma parte das defesas do corpo contra uma nova infecção. As pessoas que se recuperaram da Covid-19 possuem células imunes e protetoras, mesmo quando os anticorpos não são detectáveis.

Embora os anticorpos no sangue sejam necessários para bloquear o vírus e prevenir uma segunda infecção — uma condição conhecida como imunidade esterilizante — as células imunológicas que “se lembram” do vírus com mais frequência são responsáveis pela prevenção de doenças graves.

As boas notícias do estudo atual se somam àquelas trazidas por outras pesquisas com foco em encontrar uma cura para a Covid-19. Recentemente, pesquisadores da Universidade de Columbia identificaram novos anticorpos que podem neutralizar o vírus no corpo humano.

As descobertas são consistentes com evidências encorajadoras emergentes de outros laboratórios, como a pesquisa da Universidade de Washington, liderada pela imunologista Marion Pepper.

“A esterilização da imunidade não acontece com muita frequência — essa não é a norma”, disse Alessandro Sette, imunologista do Instituto de Imunologia La Jolla e colíder do estudo, em entrevista ao New York Times.

Mais frequentemente, as pessoas são infectadas uma segunda vez com um patógeno específico, e o sistema imunológico reconhece o invasor e rapidamente extingue a infecção. O novo coronavírus em particular é lento para causar danos, dando ao sistema imunológico tempo suficiente para entrar em ação.

“Pode ser interrompido rápido o suficiente para que não apenas você não sinta nenhum sintoma, mas também não seja infeccioso”, disse Alessandro Sette.

Tempo imune
É difícil prever exatamente quanto tempo dura a imunidade porque os cientistas ainda não sabem quais níveis de diversas células imunológicas são necessárias para se proteger do vírus. Mas estudos até agora sugerem que mesmo um pequeno número de anticorpos ou células T e B pode ser o suficiente para proteger aqueles que se recuperaram.

De acordo com especialistas, compreender quanto tempo dura a imunidade da Covid-19 será crucial para determinar a frequência com que as pessoas precisarão ser vacinadas e que proporção da população precisará ser infectada ou vacinada para criar imunidade coletiva.

Fonte: Pebmed

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