Cientistas rastrearam múltiplas cepas de tuberculose de volta para um único ancestral romano. Os resultados suportam estimativas científicas atuais que indicam que a tuberculose surgiu apenas 6.000 anos atrás. Teorias anteriores sugeriram que o micróbio ancestral era muito mais antigo, com talvez 70 mil anos de idade. O artigo foi publicado na revista Nature Communications.
Foram coletadas amostras de 26 dos 265 corpos naturalmente mumificados encontrados em uma cripta húngara do século 18, localizada em uma igreja Dominicana em Vac, na Hungria. A câmara funerária foi emparedada mais de 150 anos atrás e esquecida até ser redescoberta em 1994.
No momento da redescoberta, a cripta abrigava centenas de caixões pintados à mão que continham habitantes de Vac vestidos. As aparas de madeira e o ar seco no caixão (para absorver os fluidos corporais) podem ter ajudado o processo de mumificação e impedido que as roupas apodrecessem totalmente. As múmias agora residem no Museu de História Natural Húngaro.
Para determinar a origem da doença infecciosa, uma equipe de pesquisadores isolou o DNA bacteriano de várias cepas de tuberculose que infectaram 8 dos 26 corpos mumificados que eles estudaram. Eles encontraram 14 diferentes genomas de tuberculose. Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que muitos dos corpos abrigavam mais de uma estirpe de tuberculose, sugerindo que linhagens mistas eram comuns durante o pico da epidemia na Europa.
“A análise microbiológica de amostras de pacientes com tuberculose contemporâneos costuma relatar uma única estirpe de tuberculose por paciente”, disse o geneticista Mark Pallen, da Universidade de Warwick. “Por outro lado, cinco dos oito corpos em nosso estudo tinham mais de um tipo de tuberculose -notavelmente, em um indivíduo, obtivemos evidências de três linhagens distintas.”
Todas essas amostras pertenciam a M. tuberculosis Lineage 4, uma estirpe de tuberculose notória que responde por mais de um milhão de casos por ano. Historicamente, a tuberculose tem devastado a Europa desde os tempos pré-históricos, matando quase 1 em cada 7 pessoas no início do século 19.
Atualmente, ainda existem milhões de casos de tuberculose, com mais de 1 milhão de mortes em 2013, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os cientistas dizem que a pesquisa é importante para traçar a história evolutiva da doença, bem como ajudar a derrotá-la nos tempos modernos.