Na quarta-feira (26/8), a primeira pessoa na história a ser considerada curada do HIV sem ter feito nenhum tratamento médico foi confirmada. A americana Loreen Willenberg, 66, foi infectada em 1992, e está há anos sem resultados positivos para o vírus.

Em pesquisa publicada na revista Nature, a médica Xu Yu, do Ragon Institute, em Boston, conta que foram analisadas 1,5 bilhão de células do corpo de Loreen, inclusive do intestino e reto. Apesar de novas técnicas sofisticadas para encontrar o vírus no genoma terem sido usadas, nenhum traço foi achado.

As outras duas pessoas que são consideradas livres do HIV passaram por transplantes de medula óssea, um tratamento considerado arriscado. O paciente brasileiro anunciado como curado aguarda mais resultados para entrar definitivamente no rol.

O mesmo estudo também pesquisou um grupo de 63 pessoas que controlaram a infecção sem usar drogas – no caso desses participantes, o organismo conseguiu absorver o HIV de maneira que ele não se reproduz. Os resultados da pesquisa sugerem que essas pessoas conseguiram ter uma “cura funcional”, ou seja, o vírus está presente, mas inativo.

Esse mecanismo de ação só é visível agora, com os avanços feitos na área de genética. Segundo o especialista em Aids Steve Deeks, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, as informações podem ser uma esperança para as pessoas que tomam medicamento antirretroviral há anos – o vírus pode ter sido inativado pelo mesmo mecanismo e o remédio, agora, seria desnecessário.

“Os resultados sugerem que o tratamento pode curar, o que vai contra tudo o que sabemos”, afirmou, em entrevista ao jornal The New York Times.

Outras 11 pessoas que participaram da pesquisa são consideradas “controladores excepcionais”. Os organismos deles conseguiram isolar o vírus em uma parte do genoma tão densa, que o sistema celular não consegue replicá-lo.

Os pacientes que suprimiram o HIV sem remédios apresentam células T poderosas – parte do sistema imunológico, depois de lutar contra uma infecção, elas guardam memória por longo prazo.

Desde que o estudo foi finalizado, o time da doutora Yu diz ter encontrado mais duas pessoas que podem ser consideradas curadas da doença. Ainda faltam mais testes para confirmar os casos.


Fonte: Metrópoles

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