Sacudir bruscamente o bebê para frente e para trás pode trazer hemorragias cerebrais, convulsões e sequelas para a vida toda
Pegar no colo e balançar não é um problema: entenda as diferenças (Foto: Thinkstock)
Chacoalhar os bebês parece algo inocente e até corriqueiro, mas, dependendo da situação, esse hábito pode ser prejudicial para a saúde deles, quando o movimento resulta na síndrome do bebê sacudido. Em geral, isso acontece em casos extremos, quando a criança sofre agressões em um momento de descontrole de quem está cuidando dela e a balança com força pelos braços, num movimento para frente e para trás sem apoio da cabeça.
“O bebê pequeno tem a cabeça maior que o corpo, com o pescoço mole, sem a musculatura bem desenvolvida. Por causa dos movimentos bruscos, de extrema aceleração e desaceleração, podem ocorrer lesões cerebrais”, diz Márcia Sanae Kodaira, pediatra do Hospital Santa Catarina (SP).
Isso pode acontecer mesmo quando não há a menor intenção dos cuidadores. Um dos exemplos é de quando o bebê engasga e, no desespero, os pais o sacodem para que volte a respirar normalmente. A maneira mais indicada para ajudar a criança a soltar o leite é virá-la de lado ou colocá-la de bruços sobre o antebraço, levemente inclinada para baixo. Nunca balance-a com força.
As sequelas podem ser transitórias ou definitivas. Segundo a especialista, muitas crianças podem ter retardo de desenvolvimento neuropsicomotor, surdez e até lesões oftalmológicas sem que o diagnóstico seja relacionado às sacudidas bruscas. Em 30% dos casos, o bebê pode morrer.
Mas mantenha a calma e não confunda! A síndrome do bebê sacudido não tem nada a ver com as brincadeiras que você faz com o seu filho, com o embalar nos braços, num balancinho para bebês ou as chacoalhadas que o carrinho faz ao caminhar pelas ruas. O que pode levar à sindrome é o movimento brusco.
O problema é mais comum entre bebês de até 1 ano, especialmente entre 5 e 9 meses. Segundo a pediatra Josineide Ramos, do Hospital Adventista Silvestre, na maioria dos casos, a síndrome do bebê sacudido se origina de episódios de violência, sobretudo quando se quer calar o choro da criança. Mas qualquer movimento que faça a cabeça pender para frente e para trás é perigoso.
— A lesão pode ser pequena, passar despercebida na hora e as consequências virem com o tempo, como déficit de aprendizado — diz Josineide.
Em situações graves, ou seja, quando o dano cerebral é maior, a criança apresenta alterações de comportamento — em geral, nas seis primeiras horas após o sacudimento —, o que pode incluir vômitos, perda de consciência, sonolência excessiva e convulsões.
De acordo com o pediatra Antonio Carlos Turner, coordenador da pediatria do Hospital Balbino, pequenos com suspeita de síndrome do bebê sacudido devem ser levados ao médico e reavaliados nos dias seguintes.
— Sacudir o bebê também traz risco de lesões na região cervical da coluna, o que pode deixar sequelas de paralisia — diz o especialista.
Fontes: Extra, Revista Crescer