O que é Hepatite B?
Sinônimos: hepatite infecciosa, amarelão

A hepatite B é uma doença transmitida por vírus e que causa irritação e inflamação do fígado. Este é um dos tipos de hepatites virais que existem, que são classificadas por letras A, B, C, D e E. No Brasil, estima-se que 15% da população já foi contaminada e 1% é portadora crônica da doença.

Causas
A hepatite B é causada pelo vírus B (chamado também de VHB). Uma vez dentro do organismo humano, o vírus ataca os hepatócitos – as células do fígado – e começa a se multiplicar, levando à inflamação do órgão.

O que é hepatite?
Transmissão
As formas de transmissão do vírus B são: sexual, sanguínea e vertical.

A hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST), pois pode ser transmitida de pessoa a pessoa por meio do contato com sêmen, saliva e secreções vaginais durante relação sexual desprotegida. Isso acontece porque o vírus atinge concentrações muito altas em secreções sexuais.

A transmissão sanguínea ocorre por meio do compartilhamento de seringas com sangue contaminado, que é uma prática comum entre usuários de drogas injetáveis, em acidentes com material perfurante contaminado, entre trabalhadores da área da saúde, por meio de pequenos ferimentos presentes na pele e nas mucosas, hemodiálise, por transfusão de sangue - principalmente quando a contaminação acontece do doador de sangue para o receptor. Felizmente, desde que a avaliação de sangue doado tornou-se uma prática obrigatória nos bancos de sangue, a contaminação de hepatite B por meio de transfusão é cada vez mais rara.

A transmissão vertical é quando a contaminação acontece de mãe portadora do vírus B para a criança, que se dá durante o parto.

Fatores de risco
Ter relações sexuais com vários parceiros, pois tem maior chance de algum ser portador do vírus e não saber
Ter sido diagnosticado com outra doença sexualmente transmissível, como gonorreia e clamídia
Compartilhar seringas durante aplicação de drogas injetáveis
Trabalhar em áreas de saúde, com exposição a sangue
Viajar para regiões em que há altos índices de infecção por VHB, como África, sudoeste e região central da Ásia e Leste Europeu.

Sintomas
Sintomas de Hepatite B
Geralmente, os sintomas de hepatite B surgem entre dois a quatro meses após o contato com o vírus, e sua intensidade varia de pessoa para pessoa. Confira os principais sintomas da doença:

Dor abdominal
Urina escura
Febre
Dor nas articulações
Perda de apetite
Náusea e vômitos
Fraqueza e fadiga
Amarelamento da pele (icterícia).

Os sintomas vão melhorando aos poucos, geralmente duram alguns dias e desaparecem, essa fase inicial com sintomas e com alteração dos exames de sangue é chamada de Hepatite Aguda. Nessa fase o seu sistema imunológico consegue combater o vírus facilmente e o prognóstico é dos melhores, com recuperação em poucos meses. Apesar da melhora dos sintomas os exames podem demorar até 6 meses para voltarem ao normal, quando ocorre a cura da hepatite.

Porém em cerca de 5 a 10% dos casos o corpo não consegue combater o vírus B, permanecendo com infecção ativa, o que caracteriza a forma crônica da doença, que pode evoluir para problemas mais graves no fígado, a exemplo da cirrose e do câncer.

A maioria das crianças infectadas durante o parto ou até os cinco anos de idade não conseguem eliminar o vírus e apresentam hepatite B crônica.

Além de ser mais grave, a hepatite crônica é também mais traiçoeira, pois pode passar despercebida por décadas. Muitas pessoas não apresentam os sintomas de fase aguda quando entram em contato com o vírus e ele permanece sem causar sintomas, porém causando destruição progressiva do fígado. Quando o diagnóstico finalmente é feito, muitas vezes o paciente já está com complicações graves e com tratamento muito mais difícil.

Diagnóstico e exames
Buscando ajuda médica
Ao suspeitar dos sintomas, procure um médico para realização de exames gerais. Se confirmada a presença do vírus causador da hepatite B, procure um especialista e inicie o tratamento o quanto antes. Durante a consulta, aproveite para tirar todas as dúvidas que você venha a ter. Veja alguns exemplos do que você pode perguntar ao médico:
Quais exames serão necessários para realizar o diagnóstico?
Quais tratamentos estão disponíveis para hepatite B no Brasil?
O vírus VHB causou muitos prejuízos ao meu fígado?
Essa doença é contagiosa? Como posso transmiti-la para outras pessoas?
Devo realizar exames para detectar eventuais outras DST’s?

Na consulta médica
Entre as especialidades que podem diagnosticar Hepatite B estão:
Clínica médica
Gastroenterologia
Hepatologia
Infectologia
Imunologia.

Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade.

O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
Quando que os sintomas começaram?
Os sintomas são frequentes ou ocasionais?
Você fez alguma transfusão de sangue recentemente?
Você é usuário de drogas injetáveis?
Manteve relações sexuais sem uso de preservativo?.

Diagnóstico de Hepatite B
Inicialmente se suspeita de hepatite aguda pelos sintomas manifestado pelo paciente, como febre e dor no abdômen. Exames podem indicar que o fígado está pouco aumentado também. A confirmação do diagnóstico de hepatite é feita por exames de sangue com altos níveis de transaminases, ALT, AST, fosfatase alcalina, gama GT e bilirrubinas. As transaminases elevadas caracterizam o quadro de hepatite aguda, sendo realizados marcadores sorológicos para identificação do tipo de hepatite:

Anticorpo para o HBsAg (AntiHBs): um resultado positivo significa que a pessoa teve contágio e eliminou o vírus, ou se vacinou contra a hepatite B
Anticorpos para antígeno da hepatite B (Anti-HBc): um resultado positivo significa que teve contato com o vírus, recente ou no passado
Anticorpos para antígeno core da hepatite B da classe IgM (Anti-HBc IgM): um resultado positivo, ou reagente, indica infecção aguda recente
Antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg): um resultado positivo significa que a pessoa é portadora do vírus B
Antígeno de superfície da hepatite E (HBeAg): um resultado positivo significa que há infecção por hepatite B e que esta pessoa está mais propensa a passar a infecção para outras pessoas, pois o vírus está se multiplicando.

Com grande frequência não ocorre quadro agudo, então a suspeita de hepatite ocorre quando existe algum fator de risco, ou quando a pessoa apresenta as enzimas hepáticas elevadas, sendo feita investigação da causa dessa alteração. Outras vezes o diagnóstico de hepatite B ocorre por acaso, através de doação de sangue, pois quando uma pessoa doa sangue são realizados vários testes no sangue para se evitar contaminação de quem vai receber o sangue. Entre esses exames são feitos testes para hepatite B e hepatite C.

Quando a pessoa tem o diagnóstico de hepatite crônica muitas vezes á necessária a realização de uma biópsia do fígado, neste caso o médico inserirá uma micro agulha pela sua pele até o fígado, a fim de retirar uma pequena amostra e enviá-la para testes de laboratório, para avaliar o grau de comprometimento do fígado e a necessidade de tratamento.

Tratamento e cuidados
Tratamento de Hepatite B
Se você sabe que foi infectado pelo vírus VHB, contate seu médico imediatamente. Receber uma injeção de imunoglobulina e vacina contra a hepatite B em até 24 horas após o contágio, pode evitar que você desenvolva a doença.

Mas se o diagnóstico já tiver sido feito, é hora de cuidar para que a doença não evolua para complicações mais graves.

Hepatite B aguda
Não tem tratamento específico para hepatite B, mas pode tomar medicamentos para reduzir quaisquer sintomas que você venha a sentir enquanto seu sistema imunológico combate o vírus. Para avaliar a evolução e garantir que o vírus foi definitivamente erradicado de seu corpo, ele poderá pedir exames de sangue periódicos.

Hepatite B crônica
Para este caso, é necessário tratamento específico:
Medicamentos antivirais: o médico recomendará o uso de medicamentos, que combaterão a ação do vírus VHB e que o impedirá de causar maiores danos ao fígado, geralmente usados de forma contínua, uma vez que não se consegue eliminar o vírus
Nos casos de cirrose avançada pode ser necessária a realização de um transplante de fígado: se o seu fígado foi seriamente danificado pela hepatite B, o transplante pode servir como recurso de tratamento.

Medicamentos para Hepatite B
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Convivendo (prognóstico)
Complicações possíveis
Sem tratamento, a hepatite B crônica pode levar a complicações mais graves, como:

Cirrose, que abre feridas na parte interior do fígado, podendo levar até à sua falência

Câncer de fígado
Falência do fígado. Para esses casos, a única alternativa viável é o transplante

Hepatite D. Alguns pacientes diagnosticados com hepatite B podem vir a desenvolver hepatite D caso o tratamento não funcione ou não seja seguido à risca. Isso acontece porque o vírus causador da hepatite D acomete principalmente pessoas que já sejam portadoras do vírus B. No entanto, o vírus D só costuma aparecer em alguns lugares do mundo, como na região amazônica, por exemplo
Problemas renais podem surgir caso a hepatite B não seja tratada. Esses problemas podem, eventualmente, levar até à falência múltipla dos rins.

Expectativas
O prognóstico para hepatite B aguda é animador. Em média, somente 1% dos pacientes diagnosticados com hepatite B aguda morrem por causa da doença. Se você tem hepatite B aguda, a doença deverá desaparecer em até, no máximo, seis meses, embora isso costume acontecer antes. Mas cerca de 5-10% das pessoas não melhoram, nem eliminam o vírus, permanecendo com a hepatite, que agora passa a ser chamada de crônica.

Já no caso da hepatite B crônica, o tratamento é recomendável, se feito corretamente, é quase sempre eficaz, ocorre melhora dos exames e inativação do vírus, com menor risco de evoluir para cirrose e câncer de fígado.


Prevenção
Todas as crianças devem receber a primeira dose da vacina contra a hepatite B no nascimento e devem completar a série de três vacinas até os seis meses. Jovens menores de 19 anos que não foram vacinados devem atualizar suas vacinas.

Pessoas com alto risco de contaminação, incluindo profissionais da saúde e aqueles que moram com alguém que tem hepatite B precisam se vacinar.

Recém-nascidos cujas mães estão infectadas com hepatite B devem receber uma imunização especial, que inclui imunoglobulina contra hepatite B e vacinação contra hepatite B nas primeiras 12 horas de vida.

A triagem de todo o sangue doado tem reduzido as chances de contaminação por hepatite B na transfusão de sangue. A notificação obrigatória da doença permite que os profissionais da saúde acompanhem pessoas que foram expostas ao vírus. A vacina é dada àqueles que ainda não desenvolveram a doença.

A vacina ou a imunoglobulina contra a hepatite B (HBIG) pode ajudar a prevenir a infecção se aplicada até 24 horas após a exposição.

Vacina contra hepatites A e B: proteja-se contra as infecções virais do fígado

Mas é sempre bom prevenir, então os médicos recomendam que as pessoas:
Evite o contato sexual com uma pessoa que tenha hepatite B aguda ou crônica
Use preservativo e pratique sexo seguro
Evite utilizar objetos pessoais de outros, tais como lâminas de barbear ou escovas de dente
Não compartilhe seringas de drogas ou instrumentos de outras drogas (como canudos para cheirar drogas). De preferência, não use drogas. Procure um centro especializado em dependência química e informe-se sobre as melhores opções para livrar-se de vez dos vícios.

O vírus da hepatite B (e o da hepatite C) não pode ser transmitido pelo contato casual, como mãos dadas, partilha de talheres ou copos, amamentação, beijo, abraço, tosse ou espirro.

Fontes e referências:
Revisado por: Dra. Cibele Ferrarini Nascimento Cruz, gastroenterologista e hepatologista - CRM: 47359
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Imunologia
Federação Brasileira de Gastroenterologia

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