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Apesar de a ideia de apagar uma memória ser perigosa, os pesquisadores mostraram em ratos que o medicamento criado afeta apenas as lembranças associadas ao vício no psicoestimulante. O remédio ainda precisará ser testado em humanos e chegaria ao mercado em, no mínimo, cinco anos.
O mecanismo por trás do medicamento utiliza o processo envolvido na formação das lembranças no cérebro humano. Em 2013, os mesmos pesquisadores descobriram que as lembranças que surgem após o uso de uma droga psicoestimulante eram muito diferentes do que a formação de memórias corriqueiras, como o que comemos no almoço ou nosso primeiro beijo.
Essas memórias do cotidiano são registradas no cérebro dentro de uma conexão de neurônios formada pela actina, um tipo de proteína. A actina estabiliza rapidamente essa lembrança, que fica guardada no cérebro. No caso da memória criada pelo uso da anfetamina, a actina nunca consegue estabilizar essa lembrança. Os pesquisadores se aproveitaram dessa instabilidade para criar uma droga que destrói a actina e, portanto, a memória relacionada à droga.
Mas, como a actina é usada pelo organismo em outros processos, como o funcionamento dos músculos ou a contração do coração, destruir essa proteína seria extremamente perigoso. No novo estudo, os pesquisadores decidiram usar outra proteína, chamada miosina não muscular do tipo IIB. Essa molécula de nome pomposo ajuda a actina a funcionar, mas em outros processos que não afetam o funcionamento dos músculos e do coração.
A droga criada pelos pesquisadores, chamada de Blebbistatina (ou Blebb) destrói a miosina não muscular do tipo IIB, inibindo a actina instável e apagando a memória associada com a droga psicoativa. O medicamento age apenas nessa lembrança, durante 30 dias, segundo os pesquisadores. Segundo os cientistas, basta apenas uma única dose do remédio para que o cérebro do viciado deixe de lembrar que usou a droga.
Fonte: Molecular Psychiatry