Funcionário retira amostras para produção de bebês de proveta em clínica de fertilidade na Grécia 

Maria Petrakis, da Bloomberg

Atenas - Fazer bebês é um negócio e uma forma de ganhar a vida para Kostas Pantos, pai de oito crianças

Fundador da Genesis, a maior clínica de fertilidade da Grécia, ele supervisiona 5.000 ciclos de tratamento a cada ano, cerca de um terço do total do país e cinco vezes a quantidade de alguns anos atrás. 

Distante das discussões a respeito das finanças gregas, o médico e sua equipe querem transformar a Grécia em um polo da tecnologia de reprodução assistida, ou TRA, um mercado mundial com projeção de superar os US$ 20 bilhões até 2020. 

“Pode haver uma crise financeira, mas as pessoas ainda vão querer pagar para ter um filho quando quiserem ter um filho”, disse Pantos, 58, enquanto monitorava um procedimento por meio de um circuito de televisão ao vivo em seu escritório. “Estamos expandindo”.

Apoiado por um governo que está ficando sem dinheiro, o plano atualmente é combinar o tratamento com um período de férias, basicamente como tem feito a concorrente Espanha, juntando dois setores excepcionais de crescimento em um país com dificuldades para deixar o pior momento de sua história para trás. 

A crise econômica e as regras flexíveis que vêm com os cortes nos gastos do governo podem até ter ajudado o setor de fertilidade. 

Em caso de o tratamento fracassar usando os óvulos de uma mulher, a lei grega permite que as doadoras permaneçam anônimas e recebam até 1.000 euros (US$ 1.114). Por isso, logo que a taxa de natalidade na Grécia acompanhou o declínio da economia, a oferta de óvulos subiu. 

Existe também um mercado mais amplo do que em outros países porque os procedimentos estão disponíveis para mulheres de até 50 anos e custam uma fração do valor praticado em lugares como os EUA.

Kostas Pantos, fundador da Genesis: “pode haver uma crise financeira, mas as pessoas ainda vão querer pagar para ter um filho quando quiserem ter um”

Tempos difíceis

“O país vive um momento crítico”, disse o ministro da Saúde, Panagiotis Kouroublis, em entrevista coletiva concedida no dia 5 de maio para promoção do “turismo da fertilidade”. “No que diz respeito ao problema do crescimento, nós precisamos explorar as pesquisas e a ciência”.

A Europa é líder mundial no número de procedimentos de TRA realizados, segundo a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, iniciando cerca de 55 por cento de todos os tratamentos, que são chamados de “ciclos”.

Um estudo realizado em janeiro de 2014 pela Allied Market Research avaliou o mercado global de fertilização in vitro em US$ 9,3 bilhões em 2012 e projetou que ele se expandirá a US$ 21,6 bilhões até 2020.

Trigêmeos

Na clínica Genesis, no subúrbio ateniense de Halandri, fotos de centenas de bebês, incluindo uma série de gêmeos e uma de trigêmeos, cobrem as paredes dos corredores.

O telefone de outra médica, Georgia Kokkali, toca constantemente em seu escritório enquanto ela atualiza três médicos residentes a respeito das últimas tecnologias usadas para a produção de bebês.

Pantos emprega 14 embriologistas como Kokkali. Ele diz que cerca de um quarto de seus pacientes atualmente são do exterior e têm um histórico de múltiplos fracassos.

Ele quer mais clientes estrangeiros, em parte porque os gregos estão atrasando a paternidade devido à queda da renda e ao aumento do desemprego. A taxa de natalidade grega caiu 20 por cento desde 2008.

A Genesis quintuplicou seus negócios ao longo de um período semelhante, que começou com 1.000 ciclos ao ano apenas para casais gregos. Com cada ciclo custando pouco mais de 1.000 euros, as receitas no ano passado totalizaram 5,64 milhões de euros, 25 por cento a mais na comparação com 2013.

Ainda assim, o custo é um quarto do praticado nos EUA, disse Pantos.

Pantos está irritado com o governo por não ter respondido e se movimentado antes para promover essa indústria nascente.

“Está tudo descontrolado por aqui, todo o sistema”, disse ele. “Eu esperava que o governo fizesse algo a respeito antes. Que atiçasse um pouco o fogo”.

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